domingo, 4 de novembro de 2018

Texto nonagésimo quarto



Terá sido a música, melodia singela orquestrada de simplicidade, que me envolveu num veludo harmónico? Ou terá sido a letra, uma ousadia de palavras a acender fachos de profecia nos meus vinte anos deslumbrados? Ou talvez fosse apenas a mulher, sentada ao piano e numa solidão desafiadora, as mãos espalhando energia criativa pelas teclas, o olhar gritando a tanta gente o silêncio que a sua voz entoava docemente.
Naquela noite de festival, em 1984, ouvir Silêncio e Tanta Gente foi para mim uma experiência indizível, um abraço musical aconchegante e desbravador, como esfregar a lâmpada de Aladino e ver sair o génio poderoso e sensível da Arte plena. Imensa no seu minimalismo, eterna no seu tempo medido.
Inesquecível e imortal, a canção. Inesquecível e imortal a sua criadora. Obrigado, Maria Guinot: por ser e por ter existido!

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