sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Conversando... sobre uma tertúlia

Venho convidar todos os meus leitores e amigos para uma tertúlia literária, organizada pela Editora Livros de Ontem, na qual serei o convidado/animador.
Será no próximo dia 1 de março (sábado), no Café 100 Artes, conforme a informação que aqui insiro.


Gostaria que este fosse um momento de reunião de pessoas que se sentem aproximadas pelo prazer da leitura e pela relação com o texto escrito e dito. Nesse sentido, além de ler alguns textos meus, irei, de acordo com o tema escolhido, apresentar alguns textos de outros autores que, por aquilo que dizem ou pelo momento particular em que tomei contacto com eles, se tornaram  significativos para mim, enquanto pessoa e enquanto escritor.
Gostaria também que fosse um momento de partilha e interação. Por isso, proponho que, na mesma lógica, cada um leve consigo um ou mais textos que queira ler ou sobre os quais queira falar. Afinal de contas, é isso uma tertúlia: uma troca entre pessoas em torno de algo que lhes é significativo.
Claro que poderão ir apenas para ouvir. E para comentar o que ouvem... ou simplesmente sentir o eco, em silêncio. Todos serão bem vindos!

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Dizer a Imagem 1: Restos


Que farei do teu gosto deixado em restos nas travessas? Que farei da jarra vazia da tua beleza, da prisão das laranjas que me lembra o sumo matinal, a vitamina de acordar a teu lado?
Que farei da luz em que já não me entras casa adentro? Que farei do clarão que conservo refletido nas coisas, a devolução do olhar com que pinto a esperança de ti na paisagem que imagino para lá da porta fechada dos teus passos? Que farei deste retalho quadriculado, ânsia cada vez mais vã de que voltes um dia?
Que farei desta espera de copo vazio? Que farei deste definhamento enganado na boa forma da revista, destas paredes que escorrem o brilho branco da saudade de nos roçarmos nelas?
Que farei do abandono da chave do carro, renúncia de ir buscar-te por não saber aonde?
Que farei, enfim, desta imagem desgastada do meu cansaço de olhá-la, manchada da minha desistência de acreditar que um dia voltarás?
Que farei, quando nada resta? Que farei, quando tudo são restos?

(Fotografia de Jorge Figueiredo)

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Sétima alegoria

Somos pó nas mãos do vento
Somos nuvem ao luar
Existimos um momento
E depois fica o lamento
Dos caminhos por andar.

Mas não valem amarguras
Nem vontades de chorar
Porque as vidas, por mais duras,
Ganham força nas loucuras
Dos caminhos por andar.

Quem seríamos nós
Se chamássemos miragem
Às estrelas por contar?
Qual seria a nossa voz
Ao negarmos a viagem
Dos caminhos por andar?

E seguimos nesta estrada
Temerosa só de olhar
Que ninguém nos diga nada
Porque a vida é embalada
Nos caminhos por andar.

Que ninguém nos diga nada
Porque a vida é animada
Dos caminhos por andar!

sábado, 1 de fevereiro de 2014