Escrito há vinte e dois anos. Letra de uma canção
incluída numa peça de teatro musical, ajudava a desenhar – com evidente
ingenuidade, reconheço-o – determinada personagem atrevida, licenciosa,
provocadora e subversiva.
O resultado bem conseguido, na época, deveu-se à
encenação e à interpretação. Agora, revisitando o texto, aprecio-lhe
principalmente alguma riqueza no jogo das palavras. E um certo tom de
interpelação…
Quero
provar o sabor a sal da vida
Mesmo
que me digam que ando mal na vida
Quero
morder tudo o que o mundo tem de seu
Se
todos o fazem, porque não eu?
Quero
sentir-me no alto mar da vida
Mesmo
que me acusem de só gozar a vida
Quero
saltar da pasmaceira que já deu
Se
todos o fazem, porque não eu?
Porque
não eu para me perder
Na
selva de oiro e de paixão
Onde
os desertos não nos podem dar a mão?
Porque
não eu para me entregar
Sem
ter remorso ou compaixão
Já
que os decretos só nos sabem dizer não?
Quero
sentar-me no carrossel da vida
E
deliciar-me com todo o mel da vida
Quero
curtir, porque o futuro já morreu
Se
todos o fazem, porque não eu?
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