terça-feira, 2 de julho de 2013

Texto nono

Relação fiel e verdadeira. Eu deixo-o ser quem é todos os dias, assisto de dentro ao modo inglório como ele tenta debalde ser quem deveria, amparo na minha inexistência a sua frustração essencial.
Depois espreito a agitada quietude das suas noites, invado as insónias que se calhar lhe provoco, afirmo-me nele esta vontade de escrever, de ser por escrito o que ele não alcança ser em vida. Completo na minha essência a sua limitação existencial.
E ele consente, agradece até este algo mais que está nele e o promove, deixa-me ser quem sou nos espaços de noite onde ele não é. E, assim, chega a ser ele próprio algo mais. Relação fiel e verdadeira.
Às vezes isso acontece em pleno dia, ou faz-se dia pleno quando isso acontece. E resulta a escrita.

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