terça-feira, 14 de maio de 2013

Texto quarto


Paz interior. Aquilo que o escritor não tem. A superação dos dilemas, o equilíbrio das forças em braço de ferro, a reconciliação dos fantasmas eternamente beligerantes, ou a mera constatação de uma possível coexistência pacífica entre eles. Um armistício. Um corredor de luz, uma perpendicular entre as trincheiras, a crença numa variada nudez conciliatória que vença os uniformes inimigos sem porquê.
Paz interior. Aquilo que o escritor não tem. A acalmia nos sobressaltos, a certeza panorâmica de uma respiração regular e constante para lá das neutras apneias da indiferença, para lá da trepidação ofegante das militâncias visionárias.
Paz interior. Aquilo que o escritor não tem. A tranquilidade nutritiva de uma interrogação persistente e fecunda, a resignação curvada de permanecer na dúvida.
A alegria de encontrar a resposta. Aquilo que o escritor não tem. Paz interior.

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