Quem
me solta estas mãos acorrentadas ao relógio, suspensas numa duração repetida,
hirtas nesta prisão do tempo, passagem permanente e imóvel?
Quem
me agarra este relógio que as mãos não largam, desejosas de escondê-lo,
teimosas neste gesto de prestidigitação que não conseguem, expressão de um medo
que abraçam?
Quem
me concede o tempo de perder tempo na busca de um tempo diferente de ser?
As
mãos agarram o relógio que as não larga. O rosto grita o silêncio que não se
cala. O corpo, negra eloquente camuflagem, diz o relógio que se diz nele.
Quem…?
(Fotografia de Jorge Figueiredo, no ensaio de O Relógio)
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