Somos
sempre um passado que nos pesa. Uma espiral de recordações que nos entontece e
desequilibra. Viver é buscar uma salvação algures onde outrora nos perdemos.
Há
um cenário excessivo que pesa no rangido das tábuas, pesa no sufoco das luzes,
derramadas como veludo de reposteiros. Pesa no saboroso drama que se desenrola ante
os nossos olhares atentos.
Há
uma espiral de recordações que entontece o escritor Eugene, à procura de si
próprio no labirinto das suas perdições, entontece os fantasmas que invoca na
sua busca, a mãe e o irmão que se transformam noutros de si próprio(s). Entontece-nos
a nós, na truculência das mutações com que nos desequilibra a inércia de espectadores
passivos.
Há
uma busca de salvação. Uma rua em St. Louis. O texto salva-se precisamente
naquilo em que arrisca a perder-se: a genial dramaturgia sincopada, controlada
com mão de mestre.
Há
uma encenação coerente e limpa. Há um desempenho forte dos atores, seguros e
convincentes na versatilidade e nas intenções. Há um espetáculo que não deslustra
a tradição do palco onde decorre (somos sempre um passado que nos pesa!...).
Há
teatro, numa rua em St. Louis. Há teatro, na Guilherme Cossoul!
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