O
coração aberto em que te insinuas é o cadeado em que te fechas. Seduzes-me no
meneio ondulado das tuas curvas paradas, no requebro das pregas em que te
vendes. E repeles-me na frieza branca da tua dureza exposta, na ausência de cor
em que a tua imagem se esconde.
Atrais-me
no que me afasta de ti. És intocável na tua imensa possibilidade. Desenho-te um
rosto, sonho-te uma alma no corpo em que te mostras.
Quem
és tu?
(Fotografia de Jorge Figueiredo)