O
coração aberto em que te insinuas é o cadeado em que te fechas. Seduzes-me no
meneio ondulado das tuas curvas paradas, no requebro das pregas em que te
vendes. E repeles-me na frieza branca da tua dureza exposta, na ausência de cor
em que a tua imagem se esconde.
Atrais-me
no que me afasta de ti. És intocável na tua imensa possibilidade. Desenho-te um
rosto, sonho-te uma alma no corpo em que te mostras.
Quem
és tu?
(Fotografia de Jorge Figueiredo)
Meu Caro:
ResponderEliminarParabéns por mais um pequeno texto brilhante.
Espero que continue a percorrer a sua veia literália , pois é o caminho que só e apenas algumas pessoas conseguem ultrapassar.
Mais uma vez, o texto faz-nos ficar maravilhados a sua paixão e estima ás palavras. Sim , porque as palavras valem ouro e uma palavra só pode derrubar o Mundo e fazer a diferença.
A fotografia é também bastante interessante.
Paulo Zé da Branca.
Muito obrigado pelo seu comentário.
EliminarÉ verdade que tenho uma relação de grande ternura e respeito com as palavras e acredito que as palavras certas podem, de facto, fazer a diferença. Essa é, para mim, a grande vantagem da escrita que, mais refletida do que a oralidade, tende a ser mais oportuna e certeira.
Concordo consigo quanto à fotografia. O meu amigo Jorge é uma verdadeiro artista, com uma sensibilidade apuradíssima. Como acontece com muita gente, está desperdiçado no anonimato desta existência que é um rolo compressor de urgências.
Um abraço!