Amo-te. Na pessoa que tu és. Na acutilância do
olhar, na transparência do sorriso, na pontaria certeira das palavras que nunca
deixas por dizer. Na paciência sincera, na caridade intrínseca, no equilíbrio
entre firmeza e ternura que te faz implacável perante a injustiça e a miséria.
Amo-te no estilo-chão dessa tua simplicidade genuína onde todos os dias
revisito a essência de humanidade que busco em mim, porque já encontrei em ti.
Amo-te. Na pessoa em que me apareces. Na frescura
amadurecida do teu corpo, esse mar aveludado, meu aconchego, em que a robustez
é líquida fragilidade; esse bosque frondoso, meu retiro, onde a beleza selvagem
esconde insondáveis mistérios. Amo-te no teu corpo, passageiro habitado por um
espírito que ele materializa na proporção direta do ânimo que dele recebe.
Amo-te. Na pessoa em que te dás. Na diligência do
teu dia a dia, no pragmatismo das tuas ações, no modo assertivo com que não
hesitas. Amo-te nessa frontalidade com que assumes e confrontas, nessa opção
fundamental pela verdade que é o teu modo de estar na vida.
Sou-te fiel. Sempre. Não por teimosia, muito menos
porque sim. Nem sequer por escrúpulo diante das palavras sacramentais que um
dia trocámos. Sou-te fiel porque a fidelidade é a garantia que tenho de poder
amar-te sempre mais, mesmo quando menos, mesmo na aridez, no abalo ou no
desgaste. Sou-te fiel na esperança de crescer neste amor que me dá sentido por
sentir-te, em que me acredito por confiar em ti, em que me quero por querer-te.
Sou-te fiel. No amor e no desamor. Na vida. Todos
os dias. E amo-te. Mesmo quando te amo menos por não conseguir amar-te mais. Sempre.
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