Uma dor na penumbra.
Emoções contidas, amarrotadas no pregueado da roupa. Os braços pendidos em rendição muda, a vida suspensa dos ombros, precária. Lágrimas retidas na gruta dos olhos encovados, uma crispação suplicante no rosto, onde as rugas escrevem angústias caladas.
Tudo acontece por dentro para poder exprimir-se fora. Um sofrimento invocado nas entranhas, ritualizado nas carnes, sacrificado na máscara. A poderosa eloquência de um olhar quase invisível, feito do corpo todo, tingido do sangue que enverga, macerado num tenebrismo sinistro. A angústia concentrada.
O sentimento no Teatro.
(Fotografia de Jorge Figueiredo, no ensaio geral de O Homem da Flor na Boca, de Luigi Pirandello. Em cena na Sociedade de Instrução Guilherme Cossoul, até 18 de janeiro)
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