domingo, 13 de março de 2016

Texto quinquagésimo nono

Escrito há vinte e dois anos. Letra de uma canção incluída numa peça de teatro musical, ajudava a desenhar – com evidente ingenuidade, reconheço-o – determinada personagem atrevida, licenciosa, provocadora e subversiva.
O resultado bem conseguido, na época, deveu-se à encenação e à interpretação. Agora, revisitando o texto, aprecio-lhe principalmente alguma riqueza no jogo das palavras. E um certo tom de interpelação…

Quero provar o sabor a sal da vida
Mesmo que me digam que ando mal na vida
Quero morder tudo o que o mundo tem de seu
Se todos o fazem, porque não eu?

Quero sentir-me no alto mar da vida
Mesmo que me acusem de só gozar a vida
Quero saltar da pasmaceira que já deu
Se todos o fazem, porque não eu?

Porque não eu para me perder
Na selva de oiro e de paixão
Onde os desertos não nos podem dar a mão?
Porque não eu para me entregar
Sem ter remorso ou compaixão
Já que os decretos só nos sabem dizer não?

Quero sentar-me no carrossel da vida
E deliciar-me com todo o mel da vida
Quero curtir, porque o futuro já morreu
Se todos o fazem, porque não eu?

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