Porque é porventura a obra mais bem escrita da
literatura portuguesa. Porque é decerto uma das mais profundas. Penetra no
quotidiano de um homem para analisar a humanidade inteira no que tem de
transcendente e vil.
Porque é uma prosa reveladora. E porque é certeira.
Expõe, na dolorosa precisão de cada palavra, a contraditória essência da nossa condição
de gente.
Porque é um livro feito do próprio paradoxo que
retrata. Porque se assume desestruturado numa busca que lhe confere a
consistência maior que o constitui. Sublime na sua fragilidade, é um livro grandioso
na exposição da pequenez humana, simples na denúncia da sua complexidade.
Por tudo isto, o Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa, é uma das minhas obras
preferidas, ocupa o pódio dos três melhores livros que já li. Que releio
continuamente.
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