Escrevo porque sinto. Nas emoções entrechocadas
sucessivas germina o impulso de todas as ideias possíveis. E das impossíveis
também, movidas pela urgência da sua própria impossibilidade.
Escrevo porque calo. No silêncio da minha distância
introvertida constrói-se a teia transparente de uma eloquência trabalhada,
inequívoca. Inequívoca porque trabalhada?...
Escrevo porque sonho. No devaneio da esferográfica
pela planície das folhas brancas (ou no bailado em pontas dos dedos frenéticos sobre
o teclado) cabem todas as paisagens oníricas da imaginação. E da esperança, que
é o melhor dos sonhos.
Escrevo porque sou. Na existência que carrego há
uma essência irreprimível de palavras, busca multiforme e contínua da Palavra
que me faz.
Escrevo, apenas escrevo. Só.
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