Outra vez.
Outra vez a chamada. O despertar dos bichos
hibernados, a carne reanimando-se num frenesim de gestos, a Palavra a
chamar-nos à incandescência dos diálogos, todas as emoções à solta no
irresistível apelo da floresta em chamas.
Outra vez as coisas. O ritual das luzes calculadas,
a mecânica dos passos e a carpintaria das frases, a plantação de objetos falsos
e uma garridice de roupas cobrindo as nossas franquezas nuas. Outra vez
fingimento, a verdade inventada no tempero de tudo.
Outra vez o encontro. O toque dos corpos no choque
dos espíritos, olhos fechados na entrega singela ou abertos em ambíguas
leituras, duas vidas enlaçadas numa encruzilhada de seres. Outra vez nós, os
mesmos talvez já outros.
Outra vez Teatro. O fogo sagrado ardendo em nós. O
reencontro da chave perdida. O mundo imaginário.
Fotografia de Carlos Alberto Cavaco
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