«O fruto
do silêncio é a oração. O fruto da oração é a fé. O fruto da fé é o amor. O
fruto do amor é o serviço. O fruto do serviço é a paz».
Faço silêncio, calo os gritos interiores que me
dispersam. Viro-me para dentro, ato a venda nos olhos que me descola a
cegueira, mergulho na quietude que me encontra em mim.
O fruto do silêncio é a oração. Elevo-me nesta
profundeza em que submerjo. Transcendo-me num face a face com o divino que em
mim habita fora de mim. Percebo-me na alma de mãos postas, vejo-me a mim
próprio mais do que eu mesmo. Vejo-me outro, o Outro em mim.
O fruto da oração é a fé. Acolho a Presença que me
enche, aceito o Nome que me desvenda. Confesso-me crente no Ser que me
justifica e resolve, a plenitude que me transborda, que me faz inteiro em mim e
parte de um Todo além de mim. Que me dá sentido.
O fruto da fé é o amor. Vejo o sentido como um
desafio que me projeta, uma expansão, a mão estendida num desejo de abraço rumo
ao clamor de mil olhares sedentos. Um impulso que vem de dentro mas nasce fora,
porque o Todo feito das partes grita na parte que se quer para o Todo.
O fruto do amor é o serviço. Largo a correr ao
encontro, semeio um trilho de brasas que me fere os pés, não me deixa parar em
mim. Pulverizo-me em gestos desde este núcleo de transcendência que me unifica.
Centrado no Outro em mim, descentro-me para o Eu de cada outro.
O fruto do serviço é a paz. Encho-me nesta troca que
me esvazia de tudo o que sou, foco-me nela como única verdade que me salva.
Porque sou feito do que busco no outro, entrego-lhe o que me falta para ser
mais eu. E sinto a tranquilidade expandir-se à minha volta. Alheio ao ruído,
surdo aos gritos interiores que me dispersam, repouso no aconchego da dádiva,
no sorriso da partilha. Na respiração profunda quieta da missão cumprida. No
silêncio.
O
fruto da paz é o silêncio. E tudo recomeça.
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