A luz que se extingue, o som que se cala. Silêncio.
Escuro. Pouco mais que um simples sossegar. Depois, os aplausos. Tudo como
dantes. As mãos estalam na transposição dos umbrais da caverna da criação,
resgatadas para uma realidade forçosamente estranha. Mas os aplausos. Tudo como
dantes. O regresso às tábuas, a vénia, o sorriso. O mesmo sítio. Agora como se
estranhasse ver-se ali, a chegar, a ficar-se. Os aplausos, o estalo das mãos
resgatadas, a vénia e o sorriso. Acabar tudo. O mesmo sítio. Ou outro. Onde
sempre. No reboliço da sua mente, onde resta tudo no fundo de dentro de si, uma
palavra que não consegue apanhar. Um recomeço onde sempre. Acabar tudo. Começar
nada.
Talvez desta forma o fim. Os aplausos, a vénia e o
sorriso. Tudo como dantes. O mesmo sítio de nunca. Ou outro. Onde sempre. Nada que
indique que não seja outro onde sempre. Acabar tudo. Começar nada. Pouco mais
que um simples sossegar. Depois tudo como antes onde nada como antes. Porque a
arte desassossega. As mãos estalam na transposição dos umbrais da caverna da
criação, resgatadas para uma realidade forçosamente estranha, a palavra que
falta onde sempre a partir daqui.
Talvez desta forma o fim. Acabar tudo. Começar nada.
Arte, criação. A palavra que falta. Onde sempre a partir daqui.
(Fotografia de José Lorvão, na apresentação teatral de O Relógio)
(Fotografia de José Lorvão, na apresentação teatral de O Relógio)
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