Férias na província. Um mergulho na natureza, um cheiro
de terra quente e seca, uma respiração essencial e pura. Um afastamento, um
jejum tecnológico com sabor a conversão, um olhar expandido às estrelas em
grito de liberdade.
Férias na província. Um rústico aconchego caseiro,
uma precariedade de tábuas, a exiguidade apetitosa. E um sufoco de brasas,
iguarias crestadas sobre a grelha numa simplicidade primitiva. Odor a lenha, sabor
a vida.
Férias na província. Um encontro com o ancestral,
um espelho de perenidade que me mostra frágil e transitório. Uma noção de
eterno retorno, um vislumbre de Idade de Ouro, qualquer coisa de genesíaco numa
quietude de paraíso perdido.
Férias na província. Um folhear de passado. Eu num
cenário exterior a mim. Identidade na diferença. Reencontro.
Obrigado. Há, de facto, uma bênção no uso sábio das palavras, mas só quem a experimenta sabe o gosto de penitência que ela esconde...
ResponderEliminarVerter o texto? Claro que sim, é para mim um grande gosto. Mas talvez seja também um privilégio imerecido: Shakespeare e Rilke não se sentiriam profanados?...