sábado, 29 de novembro de 2014

Texto trigésimo terceiro

Desde sempre, o fascínio. Terror e piedade.
A tragédia grega em toda a sua riqueza de mitos e valores, a vida contada em conquistas operadas por homens e destinos traçados por deuses. A provocação humana às forças que a transcendem, caminho cego por episódios de sinuosa escuridão. E a peripécia reveladora, o inevitável efeito. A catástrofe. E, por meio dela, a consciência de si, a descoberta da virtude. Terror e piedade. A catarse.
Desde sempre, o fascínio. E a interrogação, também. A força avassaladora, a pura imortalidade deste modelo primordial do teatro questionam todas as demais experiências históricas de dramaturgia onde, afinal, ela permaneceu. Na estrutura, na forma ou no tema. Terror e piedade. A catarse.
Desde sempre, o fascínio. E a interrogação, também. E o desafio, depois. A vontade de limpar a escrita teatral para chegar à essência de onde ela nasceu: a vida contada em conquistas operadas por homens e destinos traçados por deuses. Ainda que, no tema, a mitologia clássica, ventre que gerou a cultura europeia que (ainda) falamos, possa dar lugar à teologia judaico-cristã, tutora que a educou e que (ainda) a influencia. Terror e piedade. A catarse?
Desde sempre, o fascínio. E a interrogação, também. E o desafio, depois. E a tentativa, agora: O Poder e o Desejo. Um exercício trágico. Terror e piedade.
E a catarse?...

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