Derrama-se
a vida como a água se derrama. Compacta na sua transparência, poderosa na sua
liquidez, inexorável no fluido.
Derrama-se
a vida como a água se derrama. Vem de um vazio de alturas invisíveis,
espraia-se na imensidão de uma inexistência, na forma de um nada, onde limos e
nenúfares apenas dão cor a um falso entendimento.
Derrama-se
a vida como a água se derrama. Define-se numa fórmula, revela-se em
propriedades, desdobra-se em aplicações. E permanece ausente em si mesma, dona
de silêncios, rainha do mistério.
Quem
me dera inverter a leitura! Ser capaz de içar-me ao invés do derrame, caminhar
do nada onde me acabo para o vazio da origem! E perceber…
(Fotografia de Jorge Figueiredo)
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