Quando eu morrer
Jovem na força da vida
ou velho a decair
Não quero que me chorem
e não corem
se tiverem vontade de rir
Não quero que ponham luto
ou espalhem cinza no coração
da canção
E lá, no alto do cerro,
não calem o puto
que gargalhar no enterro
do desterro.
Que eu quero ser enterrado
ao lado
dos altos montes que demandei
Para depois olhar de cima
a
cruz-razão da minha rima
do lugar que saberei.
Quando eu morrer
saibam que morri
e lembrem-se de mim.
E, enquanto eu viver,
Sorriam-me, odeiem-me
cuspam-me em cima
Elevem-me e apeiem-me
do pedestal da estima
Mas não me entreguem à noite
esquecida
não me abandonem à minha sorte
Que eu quero viver para além da
morte
Não quero morrer em vida.
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