Terá sido a música, melodia singela orquestrada de
simplicidade, que me envolveu num veludo harmónico? Ou terá sido a letra, uma
ousadia de palavras a acender fachos de profecia nos meus vinte anos
deslumbrados? Ou talvez fosse apenas a mulher, sentada ao piano e numa solidão
desafiadora, as mãos espalhando energia criativa pelas teclas, o olhar gritando
a tanta gente o silêncio que a sua voz entoava docemente.
Naquela noite de festival, em 1984, ouvir Silêncio e Tanta Gente foi para mim uma
experiência indizível, um abraço musical aconchegante e desbravador, como
esfregar a lâmpada de Aladino e ver sair o génio poderoso e sensível da Arte
plena. Imensa no seu minimalismo, eterna no seu tempo medido.
Inesquecível e imortal, a canção. Inesquecível e
imortal a sua criadora. Obrigado, Maria Guinot: por ser e por ter existido!
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