Teatro.
O
espaço vazio de Peter Brook inunda completamente a sala que se ergue sobre o
peso histórico do soalho centenário. Os três corpos, despojados na pobreza de
Grotowski, flutuam no afastamento de uma indizível cumplicidade. Os degraus negros,
hirtos, sustentam as mãos nos bolsos que cavam a distância brechtiana do falso
coro sobre a dor contida das personagens da tragédia. E adivinha-se uma tensão
de emoções buscadas no íntimo, a força da memória afetiva de Stanislavski transbordando
no jogo que decorre.
Palavra.
Há
uma vida própria nesta quietude, uma ternura maior nestas solidões aparentes. À
volta, o abandono das cadeiras repousa a expetativa de quem venha testemunhar a
beleza única deste silêncio povoado, desta paz eloquente. E partilhá-la.
Teatro-Palavra.
(Fotografia de João Cláudio Fernandes, na apresentação de O Poder e o Desejo)
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