Todas as vezes que escrevo, é um outro que me
escreve. Não sei se o liberto no ato de escrever, se apenas o constranjo a
debater a sua ânsia de liberdade na escrita em que choca debalde contra as
paredes de mim, forradas por dentro de inconsequência.
Sou uma ausência de ser, quando escrevo, uma
possibilidade não concretizável, um desejo sem coragem. Ele, em mim, é nesses
momentos a presença de não-ser, a impossibilidade concretizada, a coragem que
não deseja.
Libertamo-nos ambos na força com que estamos
irremediavelmente presos um ao outro. Prendemo-nos mutuamente neste ato da
escrita que descontroladamente nos liberta.
Somos dois no um-só em que existimos.
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