Álvaro Cordeiro é o nome que me dou neste ato de descoberta e surpresa. Não é outro nome, é o nome de um outro que me habita neste transe. Que me prolonga, que me devolve e acrescenta. Que imagina para lá da minha observação, que verte em palavra escrita o que eu não sei dizer. Que cria onde eu não sou capaz de imitar.
Escrevo-me, mas é ele que me escreve. É ele que conjuga nesta prosa cintilante o caleidoscópio das palavras que eu não sei manejar. Eu não sou quando escrevo, dou-lhe o meu lugar em mim. Por isso, neste momento de escrita, é ele e não sou eu.
Paulo Vaz é o nome que tenho na pessoa que sou, que tenho que ser, que não posso deixar de ser, que quero ser. Exceto quando escrevo. Como agora.
Nos últimos anos, várias vezes o Álvaro tem escrito para mim, para nós, para cada um de nós. Nós, tantos nós, temos tentado tornar as suas palavras audíveis, observáveis e sentidas o melhor que podemos. Entramos sempre pelo mar das suas palavras com receio, às vezes até algum embaraço até o descobrirmos, sentirmos e deslumbrarmos. E tem sido sempre desta forma enfeitiçada e comovida que temos marcado encontro com os seus textos.
ResponderEliminarObrigada!
Obrigado pelo comentário, Sónia.
EliminarDe facto, a escrita é comunicação e partilha, principalmente para quem não é muito eficiente na oralidade.
Tem sido um privilégio ouvir, observar e sentir as palavras escritas na voz de quem vai mergulhando nelas, como tu dizes. Tem sido também um estímulo, de que resulta a continuidade da escrita.
Assim nos vamos alimentando uns aos outros!